segunda-feira, 7 de março de 2016



Olá.

No ep. 007 de Gente que Escreve, teve um para casa pesado:

Fazer texto sem verbos de pensamentos, algo sadicamente prazeroso, já que te faz imaginar como melhorar uma descrição de citação que um simples “ela sabia que” resolvia.

Outra dificuldade foi a de não usar o chamado “queismo”, que pelo o que eu entendi para colocar muitas ideias no mesmo paragrafo (que faço isso nestas frase). Obviamente não consegui fazer isso. Mas o texto está feito e segue: 




Argumentações finais

            A tensão entre os familiares do réu é quase palpável em contraste com a aparente tranquilidade da família da vitima ao passo que o julgamento chega ao seu clímax. Júri e Juiz aguardam a ultima parte, o que alguns consideravam mera formalidade.

            Com toda a pompa que os anos de experiência lhe proporcionam, Dr. Dario Alves se levanta com desenvoltura, se dirige aos jurados fazendo um rápido contato visual com alguns deles e começa seu sua apresentação:

            “Um assassino covarde. Uma alma sebosa que merece o peso correspondente a cada silaba da lei que infligiu. Este é o exemplo perfeito de um covarde que merece passar cada hora, cada minuto de sua vida miserável pagando pelos atos hediondos que cometeu!
            “Este, bandido; esse escamoso privou uma família de pai. Sim; seus filhos irão crescer somente com a parca lembrança. Esse escamoso privou um trabalhador de ver os frutos de seu árduo trabalho gerar um futuro para os seus. Este homem – em quanto saia de perto da bancada do júri apontava espalhafatosamente para o réu – se é que podemos chamar um covarde de homem; repito: Merece cada minuto da sentença que peço como castiço por seus atos!”


            Dr. Dario fez uma pausa olhando novamente para os jurados. Mal pode conter o sorriso ao ver vários deles concordando com seu apelo a família. Contente ele prossegue já com ar de vitória:


            “Vamos nos ater aos atos abomináveis que levou um pai, um marido e um trabalhador ao triste fim. E irrelevante qualquer inteiração passada.
            “Esse ser desidioso fez com um infante acompanha-lo até a barca e quando estava no meio da viagem; no meio rio Oiapoque ele – novamente aponta para o réu – furtou a arma do policial que também estava fazendo a travessia, atirou contra a vítima, e por pura incompetência, devo ressaltar; atingiu a vitima de raspão!
            “Digo que foi incompetência porque o réu tivesse matado a vitima, teria poupado da agoniante morte por afogamento. Uma vez que por estar próxima a borda, no susto ele caiu no rio.
            “É provável que não ouve premeditação. Mas porque este homem estaria na balsa da vitima, num horário que era certo que a vitima estaria trabalhando?!
            “Ele procurou mais uma oportunidade para causar constrangimento para a vítima, mas ágil de forma inconsequente que resultou na morte de um homem e em sete pessoas feridas pela confusão que este homem criou ao sacar a arma e atirar numa balsa lotada.
            “Pelos crimes de furto, corrupção de menores, uso de arma e fogo, lesão corporal e assassinato peço encarecidamente que tire esse homicida das ruas. Peço justiça! Peço que condenem o Réu!
O homem parecia realizado. Era sua prateia; sua casa. Aqui ele dita as regras. Ao voltar para sua cadeira ele da uma piscadela marota para o advogado de defesa.

            Dr. Renato era novo, todos as anos da sua vida não dava metade dos anos de advocacia do Dr. Dario. Por um longo momento, um longo e incomodo momento, Dr. Renato espera. Quando toda a atenção estava realmente voltada para o que ele iria dizer, Dr. Renato inicia a argumentação final da defesa:

            “Gosto dos livros de Agatha Christie, mas não sei se todos sabem, ela trapaceia. Ela esconde fatos de nos, leitores. Fatos essenciais que leva a conclusões equivocadas. E quando os fatos são finalmente revelados notamos o quanto estamos errados. Outra coisa que Agatha faz e dar fatos parciais. Hoje tivemos um exemplo de como construir um argumento para livros policiais. Mas não podemos estar mais longe da verdade.
            “A acusação apresentou os fatos como Agatha apresentaria, mas agora – Dr. Renato se levanta e com gestos bem mais contidos que o Advogado de acusação continua sua argumentação – agora apresento os fatos em sua totalidade. Porque as inteirações anteriores são a chave para entender os atos de meu cliente.
            “O que a acusação quer é que esquecemos que oito testemunhas vieram aqui para atestar a integridade desse homem. A acusação quer que vocês esqueçam que meu cliente foi ameaçado pela vitima, não uma ou duas vezes, mas dezessete vezes documentas com boletins de ocorrência que foram apresentados aqui como prova.
            “Vou recapitular; mas vamos usar TODOS os fatos:
            “Durante os altos foi bem estabelecido a vitima e meu cliente já tinham uma relação conturbada. Porem vamos nos focar no dia em questão. Meu cliente por culpa de uma emergência familiar precisou usar a barca. Infelizmente a única barca disponível era a de propriedade da vitima.
            “É claro que esse fato ascendeu a preocupação de meu cliente. Ele temia por sua própria vida! Mas ele tinha que ir, não precisamos esconder qual era a crise familiar. Sua esposa estava em trabalho de parto no Amapá.
            “Para evitar que qualquer coisa acontecesse, afinal meu cliente temia por sua vida, ele convidou um conhecido seu, para acompanha-lo na viagem de barca. Como prevenção adicional, ele se posicionou ao lado de um policial que também se seguia na barcaça.
            “Mas meu cliente tinha medo. A vitima – fez o sinal de aspas com as mãos – já o havia ameaçado antes. Ameaçado a vida do meu cliente. Mesmo assim este homem – aponta para o réu – este homem enfrentou seu medo para ver sua esposa e sua filha que ainda esta por nascer.
            “Agora vamos ao fato especifico, que acusação tão eloquentemente já nos brindou com cada detalhe; aos olhos da vitima claro – Seus olhos reviraram enfatizando o sarcasmo da voz.
            “Mas o homem sentado ali, no banco dos réus, estava começando uma família, e para que este começo fosse perfeito, ele tinha que estar no hospital ao lado da sua esposa, quando sua primeira filha, que hoje tem três anos, nascesse. Vamos rever agora os fatos sob a ótica deste homem!
            “Depois de algum tempo de viagem meu cliente vê “a vitima” andar na direção dele. Estava com a mão dentro da camisa, como se estivesse pegando uma arma.
            “Agora vamos exercitar um pouquinho a imaginação – imitando ao advogado de acusação, Dr. Renato procura fazer contado visual com alguns membros do júri. Acha um jovem com mais ou menos a mesma idade de seu cliente e o líder do júri um homem de meia idade, provavelmente já teria filhos. Resolve se focar neles, mas é claro que suas palavras podem ter efeito em outros membros.
            “Você tem um inimigo declarado. Este inimigo mais de uma vez jurou que iria te eliminar. Daí você o encontra em um lugar de onde você não poderia fugir. Um local onde seu desafeto poderia forjar cada passo da sua historia para que o assassinato fosse legitimo. Era o campo do seu arquirrival. Mesmo com dezenas de pessoas a bordo a vitima poderia fazer o que quisesse.
            “Mas você precisava fazer a viagem. E aqui ocorre o fato que meu cliente e culpado. Ele decidiu mal. Poderia ter esperado duas horas por uma nova embarcação. Mas a ansiedade de ter sua esposa internada em trabalho de parto lhe turvou os pensamentos e ele decidiu mal.
            “ Sob esta ótica, debaixo destas circunstâncias, o que você faria? – Dr. Renato perguntou olhando diretamente para o Líder do Júri.
            “Você poderia tentar correr, mas para onde? Você esta no meio do rio, muna barca que a vitima conhece completamente. Não há onde se esconder. Também poderia pedir ajuda do policial ao seu lado, mas não há tempo hábil! Do seu ponto de vista o tempo é limitado. Meu cliente teve uma misera fração de segundo para considerar tudo que expus ate aqui para agir. Não sei o que vocês fariam senhoras e senhores do júri, sinceramente não sei o que eu faria! Mas aquele homem, naquele momento decisivo, optou pela vida! Por ver sua filha que ainda não conhecia crescer! Em tão sim ele sacou a arma do policial e deu um tiro. Um único tiro na direção do agressor!
            “Sim, não posso chamar aquele homem de outra coisa a não ser um agressor. Ele era um agressor que tornou vitima das suas próprias ações contra meu cliente. Um homem que tinha fama de violento, brigão e tantos outros adjetivos que nem preciso citar aqui! Este homem foi pintado pela Acusação como um coitado. Porque ao morrer todo e qualquer homem é, ironicamente é homem é bom! Mas em vida ele era um verdadeiro demônio e com um gosto especial para atormentar meu cliente.
            “Agora que estamos com quase todos os fatos devidamente repassados vamos nos concentrar nas acusações absurdas que já detiveram meu cliente por três anos. Três anos que ele não viu sua filha crescer. Três anos em que sua família vive de favor por não ter seu principal provisor.
            “Pelo crime de corrupção de menores, eu pergunto: que crime? O homem convidou um amigo para ir ao hospital conhecer sua primeira filha! Peço que este crime seja retirado das acusações.
            “Os crimes de Furto e disparo de arma de fogo, solicito que retire também essas acusações. Afinal ele ágil em legitima defesa ante a uma situação de provável agressão!
            “Referente a lesão corporal, foi testemunhado pelo legista, sentado naquele banco, sobe juramente que – ele remexeu em suas anotações – “seria um insulto chamar aquele aranhão de ferimento a bala” e “este ferimento poderia ter sido feito ao cair da barca ou ate mesmo ao ser retirado da água”. Portanto como poderíamos provar que ouve leão corporal?
            “E referente ao assassinato, novamente sito a acusação de salientou a agonia do afogamento como causa da morte. A suposta vitima caiu no rio, e se debateu por um tempo. Logo depois ele foi avistado nas margens do rio Oiapoque, porem foi no povoado de St. Georges, no lado da Guiana Francesa, onde foi retirado da água ainda com vida mas não resistiu e veio a óbito, em território Europeu! A   “vitima” se é que ainda demos base para chamá-lo assim, morreu fora do país, de uma causa não teve a ver com o tiro deflagrado por meu cliente. Tiro esse que pode nem ter atingido a vitima.
            “Aqui não há crime! Aqui não há o que castigar! Peço justiça! Peço que inocentem réu!
            “Já o privamos de contato com sua filha por três anos; por crimes que não aconteceram. Não deixe que esta injustiça se estenda por mais Trinta anos.
            “Vocês estão de posse de todos os fatos, de todos os laudos e de todos os depoimentos apresentados aqui nos últimos dias. Como disse o único crime de meu cliente foi tomar uma decisão errada. Não condene por isso. Não o condene por um afogamento que ocorreu na França! Façam a coisa certa. Salvem a vida daquele homem.

            Dr. Renato termina sua Argumentação. Acena com a cabeça para seu cliente e devolve a piscadela para um Dr. Dario visivelmente incomodado.

            O juiz da por encerrado a sessão, dizendo que o júri irá se reunir e batendo o martelo. Agora as partes envolvidas terão que aguardar. A sorte está lançada!



Bem, isso!

Até!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Olá!

Continuando a colocar em pratica o que aprendo com o Podcast Gente que Escreve, e cumprindo o Desafio do Ep. 006 segue o texto incorporando as palavras Janela e chuveiro com tema livre.

Estou com dificuldade para escolher o titulo, mas o texto segue:




        Telefone toca. Depois de tudo é surpreendente que a energia e telefone fixo ainda funcionem. No segundo toque Alex atende.

– Alô.

– Oi Alex.

– Oi vó. Tudo bem – Alex percebe a inutilidade da pergunta quase que imediatamente. Mas não consegui evitar o costume. Sua avó não responde. Após um breve silencio a conversa segue.

– Já terminou os preparativos?

– Já sim.

– O que você conseguiu?

– Algumas garrafas de água, Sardinha e Atum empatado. Achei também dois pacotes de farofa pronta. Na casa da dona Édina tinha umas frutas e um Panetone.

– Isso não é muito.

– Vão durar uns dias – Mais uma pausa. O suspiro pesado da Avó fez Alex continuar – Na casa da dona Édina também achei um fação e uma enxada. E peguei aquela machadinha na garagem.

– Não leva a enxada, e pesada, desajeitada; não da pra usar.

– Tirei a lamina, vou levar só a madeira. É de boa qualidade. Não vai quebrar fácil com o impacto.
Mais um silêncio incômodo.

– Quando você pretende sair? – Por fim a Avó fala.

– Amanhã, assim que o sol nascer.

– Como você vai?

– De bicicleta. Eu vou…

– Como assim? – A avó interrompe – Eles vão atrás de barulho! Assim que você mexer naquelas… coisinhas; irá atrai-los pra você!

– Calma vó, eu tirei as marchas; as coisas que fazem barulho. A bicicleta está bem silenciosa, ontem dei uma volta no quarteirão para testar. – O silencio novamente. Passado alguns momentos. Sem mais objeções da avó Alex continua – Bem, vou sair daqui quando amanhecer. Vou até o Barreiro, ver se acho algum supermercado ou farmácia que ainda não foi roubado…

– “Foram” e “saqueados” – Diz a avó. Ele continua:

– Que ainda não “foram saqueados” – sua voz soou mais sarcástica do que pretendia mas continua –  Depois vou pela Tereza Cristina até a Avenida Amazonas…

– Será que não é melhor passar por alguma rota alternativa, menos populosa?

– Já pensei nisso. Não tem. Como a internet caiu não posso pesquisar rotas alternativas. Acho que é melhor ficar por onde conheço. Posso me perder e acabar preso em algum beco sem saída…

– Tem razão, continua repassando o plano. – Alex é interrompido mais uma vez. Sabendo da natureza objetiva da avó ele prossegue:

– Bem… eh; vou chegar na avenida Amazonas e ver o movimento. Se estiver muito cheio vou continuar na Tereza Cristina até a via expressa. Dependendo do horário vou ver se continuo ou acho algum abrigo…

– É melhor achar um lugar para descansar. Vai ser mais fácil lacrar um quarto no bairro o que uma loja mais no centro.

– Verdade. – Alex responde em tom conciliatório. Nunca adiantou discutir com a avó. E nem considerava fazer isso devido às circunstancias; apenas prosseguiu – Depois vou fazer o possível para chegar na estação Central…

– Não acho que o Metrô esteja funcionado Alex. E mesmo se estiver é barulhento. Vai atrai-los!

– Eu sei vó! Já disse isso. Eu vou seguir os trilhos do trem… Bem, primeiro vou procurar água e comida. Depois vou seguir os trilhos do trem. Vou até a estação Dois Irmãos. Fica perto de Barão de Cocais. De lá vou para Cocais.

– Ótimo.

        Um breve silencio.

– Vô, como está o pessoal aí?

– Tudo bem, seu tio esta consertando o chuveiro. E suas tias fazendo o jantar. Só a Samanta que está meio triste.

– Ela ainda esta esperando?

– Ela não sai da janela, foi a única aluna que ficou na escola. – um breve suspiro desanimado –   Ninguém veio por ela. – E mais uma vez o silencio se instala. Depois a Avô continua. – Agora Alex, confira que as portas e janelas estão bem trancadas, dorme um pouco que amanhã será um longo dia! Quando estiver andando não se esqueça de ser o mais silencioso possível especialmente na cidade, e não confie em ninguém! Beba água, mas lembre-se que tem que economizar ao máximo. Assim como com a comida.

       Mas um silêncio. Este dura mais que os outros.

– Vô; dá pra mim ir praí…

        Outro silencio. Seguido por uma voz estranhamente animada do outro lado da linha:

– Alex, não precisa. A comunidade sempre se apoia. Os Traficantes e a milícia finalmente estão se dando bem. Estão defendendo o alto do morro. E mesmo que tudo em volta esteja tomado, munição é o que não falta pra eles. E também estou ajudando a Matilde controlando os mantimentos que conseguimos. Do jeito que está podemos resistir por semanas.

– Mas vó…

– Não se preocupa Alex. – Ela diz com voz firme, depois acrescenta mais cordial. – É mais perigoso para quem está no pé do morro, lá está tomado. Se não tem como nos sairmos, não tem como você entrar. Além disso, do jeito que eles andam e se alimentam, em mais algumas semanas não serão mais problema.

– Eu poderia ficar aqui então e esperar…

– Alex, você tem que seguir o plano. Você é meu único neto. E o único que está realmente em condições de ir para um local seguro. Você me disse que em Cocais tem cachoeiras e nascentes, lá você vai achar água. É uma região agrícola, então vai conseguir suprimentos. E como é pouco conhecida talvez a praga não tenha chegado por lá. Mesmo se tiver chegado é menos populosa e… – Deixou a voz morrer, depois concluiu– e eu vou me sentir melhor se pelos menos você se salvar.
Alex sabia que a Avó não queria falar aquilo, toda a confiança que tentava passar desde o inicio da ligação caiu por terra. Mas ele preferiu fingir que acreditava.

– Tá certo! Manda um abraço para o pessoal ai. E toma cuidado. Amanhã eu ligo quando for sair.

– Alex, não ligue mais.

     Antes que Alex conseguisse reagir, a ligação é encerrada. Levará segundos para que ele entendesse e mais alguns para tomar uma iniciativa. Discou para a avó. Chamou até desligar. Tentou mais uma vez. E outra vez. Mais uma. Depois parou para racionalizar. Aquilo era uma despedida.
O torpor que seguiu a aquela despedida lhe tirou a fome, e o sono foi difícil, irregular.


        A manhã demora pra chegar.


      Alex olha para o telefone e confere a mochila. Água, comida, facão e machadinha. Na bike ele amarra com arame o cabo da enxada de forma que fosse fácil retirar numa emergência.

      Ele olha para o telefone mais uma vez.

      Coloca a mochila nas costas e abre uma fresta na janela. Espia do lado de fora. Aparentemente não tem ninguém.

    Ele olha para o telefone mais uma vez, demoradamente. Abre a porta e procura sinais de movimento. Nada a vista.

       O telefone continua a desafia-lo.

       Saiu com a bike, está pronto pra iniciar a viagem. Ele olha mais uma vez para o telefone. Em seu rosto uma expressão séria encarava o telefone quase que implorando. Seu rosto se torna uma massa aflitiva por alguns instantes até que suaviza em um sorriso conformado.

      Alex desse a rua em silêncio. A bike sem marchas e com eixo fixo é realmente silenciosa, além do roçar dos pneus no asfalto não se ouve ruídos.



        E no barracão alguns quarteirões atrás um telefone chama insistentemente

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Bem é isso!
Até!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Ola!
                Puxa vida como aqui está abandonado! Precisa de uma limpeza, uma pintura... Faz literalmente anos que não passava por aqui.

                Mas o que mudou? O que faria com que eu procurasse uma conta de e-mail ancestral, que eu havia feito exclusivamente para criar este blog e quebrar a cabeça para me lembrar da senha de um outro e-mail que não usava para resgatar a senha e resgatar o blog?

                Foram os Podcast! Os belos e malditos Podcasts!


                Como disse na ultima postagem comecei a ouvir Podcasts. Entre os inúmeros que ouso, os que mais têm chamado minha atenção são os Podcast literários. E um em particular reacendeu a vontade que sempre quis em escrever. Algo que fazia de vez em quando. E mesmo que nunca tenha muito constante em escrever, sempre gostei de imaginar situações e personagens. Ou de continuar uma historia, nos moldes do “e a vida continua”. Como exemplo, como seria viver no mundo do filme 2012 após os créditos finais? Mas mesmo tendo uma historia na cabeça, raramente coloco no papel.

                Bem estou fazendo rodeios demais! Sendo mais objetivo:

                Escutar o Cabulosocast do site Leitor Cabuloso aguçou a minha vontade de voltar a escrever. A iniciativa Coletânea O Ócio, do Site Supernovo para escrever um conto curto me fez; (adivinha) escrever um conto curto! E no Podcast Gente que Escreve disponibilizado em www.fabiombarreto.com me incentivou ainda mais.

                Neste ultimo, Fabio M. Barreto e de Rob Gordon, dão dicas e uma “base básica” para escritores. Eles incentivam de publicar as coisas os textos que escrevo. Por isso ressuscitei este Blog.

                O Gente que escreve dá tarefas de fez em quando para incentivar a escrita dos ouvinte.

                No Ep. 005 A Jornada do Vilão, a tarefa era criar um texto que com as palavras elevador e anjo. Que vou publicar este e outros textos que produzir aqui.

                E o primeiro texto foi O Anjo do Elevador (que originalidade....). Segue abaixo:

O Anjo do elevador

                Terça feira, um dia cinza; o mais cinza dos dias. Um dia cinza de rotinas e falsidades. Desde que passo pela porta automática tudo é rotina. Os bons dias cantados e os elogios vazios. As planilhas e os cafezinhos… o dia se arrasta lentamente e a rotina é cinza, entediante. Quase dolorosa.

                Enfim o dia passa. Tão lentamente, tão arrastado que mal acredito que é hora de ir. Em breve a cor vai voltar. Poderei voltar a ter escolhas... Só mais uma rodada de rotinas. Mais sorrisos vazios. Desejos completamente automatizados de boa noite. O som das portas do elevador estalando ao abrirem. Até que tudo muda! Tudo ganha cor. Tudo se ilumina!

                Um sorriso. Um sorriso verdadeiro me recepciona. Ele compõe um rosto perfeito, com olhos castanhos e pele morena. Quase não tinha retoque com maquiagens, e o que tinha apenas ressaltava sua beleza natural, e na verdade nem precisava. Esse rosto perfeito é emoldurado por cabelos encaracolados que a deixa com um ar de menina que acabou de descobrir que é mulher. O uniforme padrão da conservadora que administra o prédio não esconde a beleza de seu corpo escultural. E sua voz confirmada o que se via: Era um anjo.

                Ela pergunta é eu respondo com meu melhor sorriso:

– Térreo, por favor.


                Bem, espero poder manter uma frequência melhor que uma postagem a cada 3 anos...

                É isso!

                Até!